Incorporação de Sociedades: Como Estruturar os Lançamentos Contábeis com Segurança
- Larissa Marcomini da Silva
- há 2 dias
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A incorporação de empresas exige rigor técnico na avaliação patrimonial, na composição acionária e na contabilização dos ativos e passivos envolvidos. Entenda os pontos críticos e como estruturar corretamente os lançamentos contábeis.
O que está em jogo na incorporação de sociedades?
A incorporação é uma operação societária na qual uma ou mais empresas são absorvidas por outra, que assume integralmente seus direitos e obrigações. No entanto, mais do que um simples processo de consolidação empresarial, a incorporação exige critérios contábeis específicos para evitar distorções patrimoniais, riscos fiscais e litígios entre sócios.
Esse tipo de reorganização é comum em grupos empresariais ou em operações de expansão por aquisição, mas precisa ser cuidadosamente planejado para que o valor econômico dos ativos, a justa equivalência acionária e os efeitos tributários sejam corretamente tratados.
Avaliação patrimonial: o primeiro passo crítico
Antes de qualquer lançamento contábil, é essencial realizar a avaliação patrimonial das sociedades envolvidas. Essa avaliação não se limita ao valor contábil registrado nos balanços — ela deve considerar o valor de mercado de ativos estratégicos como imóveis, estoques, participações societárias e, eventualmente, o fundo de comércio.
Por exemplo: se uma companhia avalia seus imóveis pelo custo contábil de R$ 54 mil, mas o valor de mercado desses bens é de R$ 100 mil, essa diferença deve ser formalmente considerada nas tratativas entre os sócios para definir a equivalência do patrimônio líquido de cada sociedade.
Capitalização e composição acionária: impacto direto nos sócios
A incorporação afeta diretamente a estrutura de capital da empresa incorporadora. É comum que ela precise aumentar seu capital social para emissão de novas ações aos sócios da empresa incorporada, de forma proporcional à participação que detinham.
Neste ponto, é fundamental observar a origem desses recursos. As reservas de capital e lucros acumulados podem ser utilizadas para integralização do novo capital. Se isso não for feito, corre-se o risco de diluição dos direitos dos atuais acionistas.
A quantidade de ações a serem emitidas dependerá da proporção patrimonial acordada entre as partes. Uma decisão mal calculada pode gerar desequilíbrio societário ou questionamentos futuros.
Como registrar os lançamentos contábeis da operação
Na empresa incorporada:
A empresa incorporada deve encerrar suas atividades e transferir todos os seus saldos patrimoniais para a incorporadora. Isso é feito por meio da criação de uma conta transitória de incorporação, que recebe os valores de ativos e passivos, encerrando as contas da incorporada.
Exemplo de lançamento (valores fictícios):
D – Conta de Incorporação – R$ 365.500,00
C – Disponibilidades, Estoques, Imobilizado etc.
C – Passivos e Patrimônio Líquido
Na empresa incorporadora:
A incorporadora deve registrar a entrada dos ativos e passivos da empresa absorvida, também utilizando uma conta transitória. Além disso, é necessário registrar:
o aumento de capital social correspondente à parte dos sócios incorporados;
a baixa da participação societária que porventura já detinha na empresa incorporada;
eventual ganho de capital gerado na operação.
Ganho de capital e efeitos fiscais
Ao incorporar uma empresa da qual já possuía participação, a incorporadora pode gerar um ganho de capital — diferença entre o valor contábil da participação e o valor efetivo do patrimônio líquido absorvido. Esse ganho deve ser reconhecido na conta de resultado e pode ter reflexos diretos na apuração do IRPJ e da CSLL.
É importante destacar que a incorporada precisa apurar e recolher seus tributos até o mês subsequente ao evento, independentemente da sistemática de tributação. A contabilidade deve ser encerrada com a mesma precisão de um balanço de encerramento do exercício social.
Riscos de inconsistência e distorções contábeis
A não observância dos princípios contábeis pode comprometer a integridade da incorporação. Dentre os principais riscos estão:
Incorporação de receitas e despesas da empresa absorvida fora do período de competência;
Subavaliação ou superavaliação de ativos patrimoniais;
Emissão indevida de ações por falta de capitalização prévia de reservas;
Divergência entre valores negociados e contabilizados, gerando inconsistências nos demonstrativos financeiros.
Recomendações para uma incorporação segura
Laudo de avaliação patrimonial elaborado por peritos independentes;
Capitalização prévia das reservas na incorporadora, antes da emissão de ações;
Planejamento fiscal com simulações do impacto na carga tributária e no IR sobre ganho de capital;
Controle rigoroso das contas transitórias, evitando lançamentos genéricos;
Revisão da nova estrutura acionária, assegurando proporcionalidade e equidade.
A incorporação de sociedades deve ser tratada como um processo técnico, que envolve decisões contábeis, societárias e fiscais interligadas. Erros nesse processo podem comprometer a governança empresarial e gerar contingências relevantes. Por isso, o apoio de uma consultoria especializada em contabilidade estratégica é indispensável para assegurar a legalidade, a coerência e a vantagem econômica da operação.
Se sua empresa está avaliando uma incorporação ou já conduz uma reestruturação societária, conte com nossa equipe técnica para garantir total segurança contábil, societária e tributária em cada etapa do processo.